O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) – conforme já mencionei em textos anteriores – trata-se de uma condição grave, cuja principal caraterística é um padrão de humor instável e desregulado. Isso quer dizer que, os indivíduos com diagnóstico de TPB apresentam variações frequentes de humor, que podem alterar em um pequeno espaço de tempo (por exemplo, podem ir de um extremo emocional para outro em questão de poucas horas).
Além desse, existem outros sintomas, mas, de acordo com a Terapia Comportamental Dialética (TCD), a desregulação emocional é responsável por outras dificuldades, como, problemas nos relacionamentos interpessoais e amorosos, ameaças à própria vida, impulsividade, distorções na autoimagem, pensamentos rígidos, entre outras. Sendo assim, o cerne do tratamento, por meio da DBT, se baseia em promover ferramentas para o indivíduo conseguir regular melhor suas emoções.
De acordo com as causas, a TCD é baseada em uma Teoria Biossocial do funcionamento da personalidade. Isso quer dizer que existem duas varáveis que quando interagem entre si, tornam-se os principais responsáveis pelo surgimento do sintoma central do TPB, a desregulação emocional. É importante salientar que, a simples presença dessas variáveis não é suficiente para o seu surgimento. Elas precisam se reforçar (a presença e manifestação de uma aumenta a probabilidade que a outra ocorra) ao longo do desenvolvimento do indivíduo. São elas:
Variáveis biológicas:
As causas biológicas podem ser influências genéticas, acontecimentos intrauterinos negativos e até mesmo efeitos do ambiente da infância sobre o desenvolvimento cerebral da criança. Esses fatores seriam responsáveis por tornar o indivíduo emocionalmente mais vulnerável. Essa vulnerabilidade maior, exige consequentemente uma maior capacidade de modulação emocional. Quando falamos em desregulação emocional nos referimos à intensidade, frequência e duração das experiências emocionais. Dizemos que alguém sofre de desregulação emocional quando essa pessoa tem elevada sensibilidade emocional à estímulos emocionais, reage de forma extrema e, muitas vezes disfuncional à eles e leva bastante tempo para se acalmar ou retornar ao nível basal.
Variáveis ambientais:
Se referem às características ambientais no qual o indivíduo se desenvolveu. A principal delas é a invalidação. Ambientes invalidantes são aqueles nos quais a expressão de emoções, sensações e pensamentos é punida e/ou banalizada. No geral, a maioria das verbalizações relacionadas ao “eu” não são levadas em consideração. Além disso, esse ambiente discorda frequentemente das causas às quais o indivíduo atribui suas emoções. São ambientes intolerantes à expressão de emoções negativas, que comunicam sutilmente “controle-se”. Há uma supervalorização do controle das expressões de sentimentos negativos. Nos próximos textos falarei mais a respeito dos ambientes invalidantes e das consequências deles no desenvolvimento.
É importante ressaltar que a desregulação emocional não está presente apenas no TPB. Indivíduos com outros diagnósticos ou dificuldades também podem apresentar essa característica e se beneficiar do tratamento com a TCD.
Gabriele Lederer – Psicóloga
Atendimento em Curitiba – Batel – E online durante o período de isolamento sugerido pelas autoridades de saúde.