Prevenção

Setembro é o mês dedicado à prevenção ao suicídio, tema extremamente relevante, tendo em vista que, cerca de uma em cada 100 mortes ocorre por suicídio atualmente no mundo (segundo dados da OMS). Prevenir o suicídio, antes de mais nada, significa falar sobre ele, levando para a população, informações baseadas em pesquisas científicas ou pautadas na experiência dos profissionais que atuam diretamente com pessoas que apresentam risco de suicídio. Ou seja, trata-se de quebrar crenças disfuncionais e tabus em relação ao tema.

Pensando nisso, resolvi dedicar esse texto, baseado em um assunto que surge com frequência nas orientações com familiares de pacientes suicidas. Nas conversas com a família, é bastante comum ouvir relatos do tipo “ele/ela está fazendo isso para me manipular ou chamar a atenção”. Se você acredita, que seu olhar em relação ao suicídio, se identifica de alguma forma com o relato acima, quero te convidar para aprimorar sua visão por meio de duas reflexões baseadas na abordagem psicológica denominada “Análise do Comportamento”:

O que está “por trás” do comportamento suicida?

Em termos mais técnicos, falamos em “função do comportamento”. Toda vez que analisamos um comportamento, precisamos identificar os fatores que estão envolvidos na sua manutenção. As pessoas fazem o que fazem porque dá certo e porque funciona para alguma coisa! Um comportamento suicida, por exemplo, na maioria das vezes tem a função (ou intenção) de “pedir ajuda ou socorro”, é a máxima da demonstração de desespero! Isso não é manipulação, nem sempre é consciente e intencional! Então, se você tem um familiar ou conhecido suicida, ao invés de achar que está sendo manipulado, questione “Quais são os fatores que fazem com que essa pessoa precise chegar ao seu extremo para só então conseguir uma ajuda ou o olhar de alguém? ” e “Qual é a minha contribuição nisso?”.

Qual é a dificuldade da pessoa?

Na Análise do Comportamento, partimos do princípio de que, todo comportamento disfuncional (ou seja, que traz prejuízos para a própria pessoa ou para aqueles que com ela convivem) é carência de alguma habilidade específica e falta de repertório comportamental. Isso quer dizer que temos a capacidade de aprender novos comportamentos e que podem ser mais benéficos. Então, se você se tem um familiar ou conhecido suicida, se questione “O que essa pessoa não está conseguindo fazer para que ela tenha que recorrer ao comportamento suicida? ”. Na maioria das vezes, pacientes com risco de suicídio precisam aprender habilidades para lidar com o desespero e para pedir ajuda nos lugares e pessoas certas.   Nunca critique alguém por não saber algo que não teve oportunidade de aprender.

Julgar o livro pela capa é ignorância. No mínimo você precisa folhá-lo e fazer uma breve leitura da sinopse para saber do que se trata. Convido você a fazer o mesmo em relação ao seu familiar ou conhecido que apresenta risco de suicídio. O comportamento suicida pode até ter aparência de manipulação, MAS NÃO É!!!

Gabriele Lederer – Psicóloga

CRP-PR 08/19451
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