Em minha prática clínica tenho percebido um interesse maior, por parte dos homens, pela procura de um tratamento psicológico. Considero isso muito positivo, uma vez que, esse fato reflete, de certa forma, mudanças nos papéis sociais masculinos. Esse texto tem como objetivo levar em consideração o sofrimento masculino nesse processo de transformação social dos papéis, uma vez que, a maioria das leituras aborda somente as angústias femininas (que obviamente não deixam de ser relevantes).
Quando falo em “mudança nos papéis sociais”, me refiro a esse processo pelo qual temos passado ao longo dos últimos anos, no qual a mulher deixa de ser a principal cuidadora do lar e passa a se fazer presente no mundo profissional e o homem deixa de ser o provedor financeiro principal, e passa a se fazer presente no lar.
Dentro disso, um aspecto que tem chamado a minha atenção, no trabalho com os homens, é a forma como muitos deles lidam com a questão e como isso interfere na sua autoestima. Muitos homens se sentem fracassados e inferiorizados quando financeiramente, não são essenciais. Esses sentimentos podem levar à comportamentos de competição, por exemplo, ou até mesmo de rigidez e negação frente a adoção de tarefas relacionadas ao cuidado dos filhos e do lar.
Por esses motivos, gostaria de deixar algumas dicas sobre como lidar com o receio de não ser mais o principal provedor financeiro:
Ignore os julgamentos externos:
Uma das principais influências que o homem sofre é seu “círculo de amigos” ou de pessoas próximas, e isso inclui homens E mulheres. Comentários como “Você é um cara sustentado pela mulher”, “Tá deixando seu filho brincar de boneca?” ou “Coitado de você, precisa almoçar fora de casa todos os dias”, são altamente prejudiciais e sutilmente geram efeitos. Homens, no geral, quando estão juntos, costumam fazer “piadinhas” de conotação machista (é um hábito cultural). Preste atenção a isso e aos efeitos que exerce sobre você! A partir disso, não permita que os comentários guiem suas atitudes.
Perceba, valorize e aprimore suas habilidades de cuidador:
Muitos homens acreditam que a característica mais apreciada pelas mulheres é o poder e status financeiro. Está errado! Antigamente, acredito que isso era real, pois, quanto mais estabilidade financeira o homem proporcionava, mais segura a mulher poderia se sentir (inclusive emocionalmente). De qualquer forma, hoje em dia, outras atitudes trazem esse sentimento à mulher, como por exemplo, ter um parceiro que se preocupa com a organização da casa, com as necessidades dos filhos (inclusive as necessidades afetuosas) e, principalmente, que valoriza e incentiva os projetos, planos e necessidades profissionais/pessoais da mulher.
Esteja aberto à mudanças e experiências:
Apesar das mudanças, ainda vivemos em uma sociedade que dita regras sobre o papel do homem e da mulher, do tipo, “homens devem fazer X e mulheres devem fazer Y”. Mas, essas regras podem não se aplicar à sua realidade! Por isso, “tente fazer diferente” quando seu contexto exigir. Se você nunca comprou absorvente na farmácia, mas por algum motivo precisa cumprir essa missão, FAÇA e se sinta divertido e orgulhoso por isso ( J ).
Essas são apenas algumas dicas que podem melhorar o seu dia a dia. De qualquer forma, se essas questões trazem sofrimento, não hesite em procurar ajuda, pois você merece esse cuidado e pode aprender a lidar com isso!
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