Diversas pesquisas indicam que, para a maioria das pessoas é importante escolher parceiros similares em idade, origem e valores. Os motivos para isso são bastante óbvios, pois, uma vez estando junto com alguém que se parece conosco, teremos assuntos, atividades, decisões, planos e amigos em comum (dentre outras coisas). Tendemos a acreditar que, quanto mais parecidos somos, mais felizes seremos no relacionamento. Embora similaridades possam causar menos conflitos que diferenças, elas podem ter um lado obscuro. Basta imaginar um casal onde ambos os parceiros são extrovertidos: eles podem facilmente se sentir competindo por atenção em um encontro com amigos.
Porém, na maioria das vezes, as queixas surgem das diferenças, o que pode incluir tanto aspectos de personalidade e comportamento, quanto gostos, vontades, valores, metas, etc. Também há uma razão óbvia para que esses conflitos se tornem ainda mais intensos: quando divergimos do nosso parceiro, muitas vezes jogamos sujo para atingir nossos objetivos! Apesar disso, as diferenças entre os dois membros do casal podem também ser positivas, servindo como complemento para as características um do outro. Tornar isso possível nem sempre é fácil. Pensando nisso, selecionei algumas sugestões que podem servir como ponto de partida para conciliar as diferenças:
Tenha clareza sobre as mudanças que exige do seu parceiro:
Muitas vezes nos sentimentos ambivalentes em relação àquilo que solicitamos de nossos parceiros. Percebemos que “um lado nosso” quer e precisa de uma mudança do outro, mas o “outro lado” acha confortável o atual comportamento dele. Quando isso acontece, claramente agimos de forma contraditória: hora fazemos exigências de mudança e hora demonstramos que está tudo bem continuar assim. Pense em um casal no qual a mulher controla os afazeres domésticos e seguidamente exige que o marido a ajude mais. Uma parte dela se sente sobrecarregada, cansada e chateada por não ter ajuda do marido. Por outro lado, sente que pode fazê-lo melhor que ele e às vezes até fica irritada quando ele toma alguma iniciativa de ajudá-la. Nessa situação, por mais que ele esteja disposto a mudar algumas atitudes por ela, não fica claro exatamente o que ele precisa mudar. Assim, facilmente entrarão em conflito.
Valide seu parceiro:
Validar não significa concordar. Validar significa levar em consideração e tratar como verdade aquilo que é verdadeiro: sentimentos, pensamentos, fatos que aconteceram e os relatos sobre sofrimentos e dificuldades. Quando seu parceiro fala que se sente frustrado por você não ter chego a tempo para o jantar, por mais que ele saiba que não foi possível, pois você realmente precisou fazer hora extra no trabalho, leve o sentimento dele em consideração. Isso significa, em primeiro lugar “desarmar-se”, abrindo mão das defesas e simplesmente ouvindo o que ele tem a dizer. Em segundo lugar, assuma sua responsabilidade. Ao invés de dizer “Você nunca compreende as demandas do meu trabalho” (o que provavelmente iniciaria um conflito), diga “Sinto muito por ter frustrado você novamente”.
Encontrem o “caminho do meio”:
Quando duas pessoas discutem pelas diferenças, um tenta convencer o outro que seu argumento é mais verdadeiro, e assim se inicia uma batalha para descobrir quem é o culpado, quem precisa mudar e quem é o problema do relacionamento. Encontrar o caminho do meio significa lançar mão de acreditar em uma verdade única, pois, o que é verdadeiro para um, não é para o outro. Além disso, cada situação têm diversos lados e todos eles podem ser verdadeiros. Isso quer dizer que, em primeiro lugar, cada um precisa expressar suas verdades e o outro precisa ouvir e tentar compreender esses pontos de vista diferentes. Em segundo lugar, cada um deve avaliar o que pode ser tolerado do outro e de quais “verdades” suas pode abrir mão para se aproximar do parceiro.
Lembre-se: lidar com diferenças no relacionamento não se trata de tentar descobrir quem é o culpado! Trata-se de exercer tolerância, validação e compreensão! Feliz dia dos namorados J
*Esse texto foi baseado no livro “Diferenças reconciliáveis: reconstruindo seu relacionamento ao redescobrir o parceiro que você ama, sem se perder.”
Gabriele Lederer – Psicóloga
Atendimento em Curitiba – Batel – E online durante o período de isolamento sugerido pelas autoridades de saúde.