Educar, saber quando impor regras e limites e quando acolher e dar liberdade, não é e nunca foi uma tarefa fácil. Além do mais, como sabemos, não há uma fórmula mágica, mesmo porque cada criança/adolescente reage de forma diferente mediante o mesmo estilo educacional.
Muitos pais de adolescentes que atendo em consultório, trazem queixas similares, de que o filho não obedece, não cumpre regra alguma, se envolve em comportamento de risco, é explosivo, desafiador e reativo. Normalmente esses pais já estão muito cansados da situação frequente de conflitos que esses comportamentos geram, e obviamente, isso é totalmente compreensivo. Na maioria das vezes, esses pais relatam que o filho desde pequeno foi argumentativo, desafiador e explosivo – ou seja, uma criança “difícil” – mas que “foram levando” a situação, até que na adolescência os comportamentos se tornaram mais intensos e difíceis de serem controlados. É nesse momento que os pais recorrem para a terapia e, normalmente, esse adolescente já chega em meu consultório com algum diagnóstico, cujo sintoma principal é a desregulação/instabilidade emocional.
É muito comum que esse “perfil” de crianças acabe criando um estilo de educação, nos quais os pais agem com muito mais frequência com base na cobrança, no controle e na invalidação. Basta imaginar uma criança que é argumentativa grande parte do tempo, que questiona as regras e que demanda muito dos pais. Como você acha que os pais reagem a esses comportamentos? O mais “automático” a se fazer nessas horas é tentar “empurrar goela abaixo” as regras, ou seja, invalidar os argumentos, fazer mais cobranças, uma vez que o cumprimento da regra é sempre duvidoso – muitas vezes, só funciona após grandes conflitos – e controlar se de fato a regra foi cumprida. Um detalhe importante: às vezes não é a criança “difícil” que gera um estilo educacional assim, mas, a educação dos próprios pais pode ter sido invalidante e baseada no controle aversivo, fazendo com que eles aprendessem a educar seus filhos da mesma forma.
De qualquer forma, mesmo sendo totalmente compreensível os pais adotarem um modelo de educação pautado em controle, cobrança e invalidação, essa pode não ser a melhor opção em termos de funcionamento, ou seja, ela provavelmente não traz os resultados esperados pelos pais, que são, obediência, concordância, aceitação e estabilidade emocional do filho. A seguir, gostaria de mencionar dois motivos pelos quais esse tipo de educação costuma falhar:
Gera sentimentos de raiva:
Provavelmente você já teve, nem que seja por um curto período de tempo, alguém na sua vida, que costumava cobrar bastante de você e reconhecer pouco as suas qualidades e as atitudes positivas que você teve. Normalmente quando isso acontece, sentimos muita raiva. E é exatamente isso que acontece no estilo de educação baseado em controle, cobrança e invalidação: ele gera no filho, sentimentos frequentes e intensos de raiva. E isso não acontece porque existe um “defeito” nesse filho, que simplesmente não é capaz de lidar com a cobrança e não consegue fazer o “mínimo” que dele é exigido. Mas acontece porque não existe (ou existe muito pouco), o contraponto, que é o reconhecimento, a confiança e a validação. Qualquer tipo de relação, cuja base central é a cobrança, gera sentimentos de raiva/ódio. E quando esse sentimento surge, dificilmente existe cooperação e mudança de comportamento.
Gera comportamentos de esquiva:
Na maioria das vezes, a única vontade do filho que é constantemente cobrado, controlado e invalidado, é de fugir e se esquivar das situações e de quem o controla, no caso, dos pais. E isso é perfeitamente normal: qualquer pessoa que se sente constantemente “acuada”, pensa instintivamente em se livrar da situação, e não em mudar seu comportamento para que não precise mais sofrer esses controles e cobranças. Dessa forma, o sentimento de raiva e a esquiva do filho, gera nos pais ainda mais comportamentos de controle, cobrança e invalidação, fazendo com que a família viva um ciclo vicioso de conflitos.
Para finalizar, é importante mencionar novamente que não existe estilo educacional certo ou errado. O que importa avaliar é se o estilo que você adota funciona ou não para alcançar do seu filho aquilo que você espera e deseja. Relações familiares conflituosas geram intenso sofrimento para todos. Cuide das suas relações e procure ajuda para isso, quando achar necessário!
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