Educar crianças/adolescentes nunca foi uma tarefa fácil. A adolescência, em especial, é um período no qual a maioria dos pais se veem de “cabelos em pé”, por ser uma fase carregada de mudanças físicas e comportamentais. Basicamente, isso significa que, as regras que até então funcionavam e eram cumpridas, agora, são questionadas e desobedecidas. Essa realidade geralmente gera grandes conflitos entre pais e filhos, e assim, os vínculos ficam enfraquecidos. Consequentemente, não é difícil imaginar o que pode acontecer com um adolescente mal orientado e afastado do suporte familiar,
Nessa fase, existe uma tendência muito grande, tanto dos pais/responsáveis quanto do adolescente, de cair nas armadilhas da polarização. Ficar preso em um pólo significa não conseguir identificar todos os lados e verdades de uma situação. Significa estar fixado e vidrado em uma opinião ou regra, sem abrir os olhos para realizar uma leitura apropriada mais ampla da realidade do momento. Darei um exemplo:
Larissa, uma adolescente de 18 anos, quer ir a uma festa com as amigas e quer passar a noite na casa de uma delas. Tem certeza de que os pais não precisam ligar para ela durante o evento e muito menos conhecer suas amigas e o local da festa. Está completamente farta desse controle absurdo que eles exercem. Inclusive, ao perguntar se poderia sair, já adotou uma postura agressiva, apenas informando o dia e horário da saída.
Obviamente, os pais de Larissa quando souberam da saída, entraram em pânico. A mãe logo começou com o discurso sobre regras de horários, dando exemplos de quando ela era adolescente e o pai em seguida complementou que não daria 1 real para a saída e que enquanto ela morar sob o teto deles, deve seguir as regras da casa. E assim, foi dada a largada para o conflito!
No exemplo acima, Larissa está totalmente presa no pólo da independência, não percebendo absolutamente mais nada além das necessidades dela do momento. Da mesma forma, seus pais estão sendo sugados pelo pólo da rigidez e do completo controle e não conseguem identificar as necessidades da filha e as demandas do contexto no qual ela se encontra.
Ambos devem aprender a ser mais dialéticos. Isso significa que precisam ser mais flexíveis, procurar entender o lado do outro, ser mais empáticos e perceber verdades além da sua. Ser dialético não significa abrir mão do seu ponto de vista e adotar o do outro. Significa levar em consideração o ponto de vista de todos e procurar encontrar o caminho do meio.
Transferindo isso para o caso acima, Larissa precisa levar em consideração os riscos que ela corre ao ir para um local desconhecido com pessoas desconhecidas, sem ter a segurança de que seria socorrida caso algo viesse a acontecer. Ela precisa entender que ter liberdade não significa correr riscos. Além disso, procurar saber mais sobre como foi a adolescência dos pais, poderia ajudá-la a compreender as regras e as preocupações que ela considera excessivas. Isso a ajudaria a entender que muitas coisas que hoje são consideradas “normais”, na adolescência de seus pais eram grandes absurdos e isso poderia torná-la mais.
Os pais de Larissa também precisam levar em consideração que as regras da época deles, hoje podem não funcionar mais e que os jovens de hoje agem de forma bastante diferente. Eles precisam se conectar com a realidade da filha e, o diálogo com ela, sobre “como funcionam as coisas hoje” poderia não somente ajuda-los a entender as necessidades da filha, mas também, estreitaria os laços entre eles. Dessa forma, eles estariam menos vulneráveis a mentiras da parte dela, pois ela se sentiria bem para expor suas opiniões e vontades e, inclusive estaria mais aberta a críticas e opiniões contrárias.
Assim, juntos poderiam encontrar uma maneira de lidar com essa nova fase de independência. Eles poderiam pensar juntos em como programar as saídas de Larissa, para que ambas as partes se sentissem confortassem com isso.
A postura dialética é de extrema relevância para uma educação saudável. Se você possui dificuldades na educação de seu filho, procure uma ajuda especializada!
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