Algumas pessoas possuem extrema dificuldade para lidar com as próprias emoções, a ponto de não valorizá-las (ou identifica-las) o suficiente nem mesmo para comunica-las aos outros. Para esse processo/dificuldade damos o nome de auto invalidação. Em outras palavras, pessoas que se auto invalidam, sempre irão super valorizar os sentimentos, pensamentos e vontades dos outros que estão ao seu redor. Basicamente, é como se suas próprias necessidades não existissem e, dessa forma, o outro passa a ser seu guia emocional.
Essa dificuldade é uma característica comum de alguns transtornos, como é o caso do Transtorno de Personalidade Borderline, mas pode também afetar indivíduos que não necessariamente se encaixam em algum diagnóstico. De qualquer forma, pessoas que se auto invalidam possuem também muito mais dificuldade em regular suas próprias emoções, por não as “aceitarem”. É importante mencionar que o sofrimento de quem possui essa dificuldade é imenso. Já pensou passar uma vida “engolindo” os próprios sentimentos e fazendo apenas aquilo que o outro quer? Não seria isso o auge do auto maltrato?
A essa altura do texto você deve estar se perguntando sobre os motivos que levam alguém a fazer isso consigo mesmo e, porque, apesar de todo sofrimento, isso persiste. Pois bem, vamos a primeira questão:
Causas
– Histórico de aprendizagem: Ninguém nasce sabendo se expressar. A forma como lidamos com nossos sentimentos, pensamentos e necessidades nos é ensinada desde o momento em que nascemos. Quando uma criança fala, por exemplo, que está com fome e lhe é oferecido algo para comer, imediatamente ela entende com isso que sua necessidade é valorizada. Obviamente todos nós sofremos de invalidações durante nosso processo de aprendizagem e isso é normal e saudável, pois nem todas as necessidades devem ser satisfeitas. Mas, indivíduos que se auto invalidam, possuem amplo histórico de invalidação que perdurou de forma intensa e frequente.
Aqui, não me refiro somente às situações de infância/adolescência, mas diversas outras situações de invalidação duradouras, podem acarretar em auto invalidação. Por exemplo, um relacionamento no qual um dos membros não valoriza os pensamentos, sentimentos e desejos do outro, pode da mesma forma fazer com que o membro invalidado passe a se auto invalidar. Assim, a forma como aprendemos, a partir do outro, a lidar com nossos sentimentos, passará a ser a forma como nós mesmos nos tratamos.
Fatores que mantém a auto invalidação
– Passividade/falta de limites/comportamento de agradar: Pessoas que ignoram seus sentimentos, pensamentos e desejos, tendem a satisfazer todas as necessidades do outro, pois querem agradá-lo, e evitar o máximo possível uma rejeição. Porém, depois, normalmente se sentem mal por isso e, muitas vezes, se culpam por terem aceitado passivamente a proposta do outro ou então, se sentem mal ou inadequados por terem pensamentos e sentimentos diferentes da do outro. Dessa forma, a própria falta de limites com o outro alimenta a auto invalidação. Realmente se trata de um ciclo vicioso. Vou ilustrar isso de forma mais didática a partir de uma pequena história fictícia.
Pedro quer sair com os amigos no sábado e convidou a namorada, Maria. Ela, contudo, toda vez que sai com os amigos do namorado, sente-se desconfortável, não gosta das conversas, do estilo musical e nem da forma como é tratada por eles. Mas, como ela quer ser uma boa namorada e tem medo do que possa acontecer, caso ela diga que não quer ir, acaba aceitando o convite. Depois do encontro, ela se sente mal e triste. Pensa que tem algo de errado com ela, por não gostar dos amigos dele. Pensa que é inadequada por não gostar das músicas. Se culpa por ser uma péssima namorada. Acredita que logo mais o namorado irá trocá-la por outra pessoa.
CRP-PR 08/19451
Atendimento em Curitiba – Batel
Disponibilidade para atendimento online
Agendamentos e informações : (41) 9 9208-8808 , contato@psicologiacuritibapr.com.br