A desregulação emocional, como já mencionei em diversos outros textos, trata-se de uma vulnerabilidade de origem biológica e ambiental, que acarreta em consequências na forma como as emoções são vivenciadas. Os indivíduos emocionalmente mais vulneráveis, tendem a sentir as emoções mais intensamente, além de levarem mais tempo para se reestabelecerem após o contato com alguma emoção mais intensa (esse período comumente chamamos de crise).
A desregulação emocional está presente em diversas condições e dificuldades, podendo ela ser a causa principal ou apenas um sintoma – fato esse que, muitas vezes, é difícil identificar. Indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), por exemplo, – ou com sintomas característicos, independente de fecharem ou não critérios diagnósticos suficientes – normalmente possuem dificuldades para identificar e manejar suas emoções.
No TDAH, os sintomas mais marcantes estão voltados para a desatenção e a hiperatividade, que surgem nos mais diversos contextos e situações. A pessoa desatenta, por exemplo, possui dificuldades para se organizar, deixa de prestar atenção a detalhes importantes, se distrai rapidamente em tarefas ou atividades lúdicas, tem e sensação de que a mente está divagando, não consegue terminar tarefas, evita envolver-se em atividades que exigem esforço mental, perde objetos, esquece tarefas diárias e é facilmente distraído por qualquer estímulo.
O indivíduo hiperativo/impulsivo pode agitar o corpo de alguma forma – mãos ou braços – possui dificuldades para ficar parado, sente-se inquieto, não consegue participar de atividades calmas, parece estar sempre “a mil por hora”, pode falar em excesso e/ou não conseguir esperar a vez para falar, além de interromper a si próprio ou interromper os outros durante a fala. É importante mencionar que podem prevalecer os sintomas de desatenção ou da hiperatividade em determinado caso, assim como também pode haver a presença de ambos.
Sendo assim, não é difícil pensar nas demais possíveis dificuldades a serem vivenciadas por alguém que sofre com tanta desatenção e/ou hiperatividade. Mais especificamente, no campo da regulação emocional, elas podem resultar em alguns principais efeitos como:
Dificuldade para reconhecer as próprias emoções:
Reconhecer e nomear as emoções requer habilidades de auto-observação. Só conseguimos identificar os nossos sentimentos, assim como, fazer autorreflexões, a partir do momento em que temos a capacidade de estar atentos à nós mesmos e ao efeito que as situações/pessoas nos causam. Ou seja, quando a atenção é muito flutuante, esse processo não funciona, e assim, facilmente a falta de percepção emocional pode acarretar em conflitos com os outros e até mesmo resultar em comportamentos impulsivos.
Dificuldade para organizar os pensamentos:
Sabemos que a forma como pensamos a respeito de nós mesmos e do mundo que nos cerca, pode ter impacto na forma como nos sentimos. O indivíduo com TDAH, muitas vezes, possui um fluxo de pensamento rápido e pouco controle sobre os pensamentos. Uma mente que divaga, se deixa levar por ideias que podem ser negativas e até mesmo irreais, o que pode resultar em emoções intensas e duradouras. Em primeiro lugar, é preciso estarmos atentos aos pensamentos, para então conseguirmos verificar a veracidade dos mesmos e também sua utilidade. Ou seja, o descontrole dos pensamentos se trata de uma falha no processo da atenção.
Desordens comportamentais:
A hiperatividade pode levar a comportamentos impulsivos. Ou seja, uma pessoa inquieta possui maiores chances de agir sem pensar do que outra mais calma. Assim, a própria impulsividade pode gerar sentimentos negativos, como culpa, arrependimento, frustração, entre outros. Aqui é importante mencionar que, nem sempre o indivíduo consegue identificar qual foi o comportamento emitido e que gerou esse sentimento. Por exemplo, é comum pessoas com TDAH se queixarem de amigos que se afastaram delas e não conseguirem perceber que na verdade falaram coisas impulsivamente a esse amigo e que o deixou desconfortável.
Certamente é de grande valia fazer uma avaliação minuciosa de cada caso de desatenção e hiperatividade, para verificar se os efeitos acima descrito se aplicam. De qualquer forma, as intervenções da Terapia Comportamental Dialética têm se mostrado bastante úteis em casos de TDAH, principalmente por focarem na regulação emocional e no treino da atenção.
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