Algumas condições psicológicas, como, o Transtorno Bipolar e o Transtorno de Personalidade Borderline, têm como principal característica/sintoma a instabilidade ou desregulação emocional. Isso significa que, indivíduos com esses traços possuem muito mais dificuldade para manter seu humor em equilíbrio, o que resulta em uma série de prejuízos interpessoais e organizacionais.
Porém, é muito comum as pessoas em geral, acreditarem que, nosso humor segue uma linha reta, que só podemos alterá-lo mediante uma situação aguda, caso contrário, trata-se de um problema. Na verdade essa visão sobre o humor não é real e explico porque: de certa forma nosso humor sofre alterações constantes e isso é perfeitamente normal e sadio. Tendemos a não reparar, mas, na maioria das vezes, sentimos emoções diferentes em questão de apenas um dia e nem sempre conseguimos identificar a fonte/gatilho da sua ocorrência. Os fatores que diferenciam essas alterações naturais das problemáticas estão ligadas à:
Sensibilidade:
Pessoas com vulnerabilidade biológica à emoção tendem a ficar “abaladas” por motivos/situações que normalmente outras deixariam “passar em branco”. Ou seja, não é preciso ocorrer um evento significativo para que esse indivíduo sinta-se chateado/triste/raivoso. Por conta desse histórico de sensibilidade, essas pessoas já são conhecidas como sendo “sensíveis demais”.
Intensidade:
Como já mencionei, é natural reagirmos emocionalmente frente à situações, e, é esperado que a intensidade da reação seja consistente com a situação que a desencadeou. Ou seja, frente à uma perda podemos demonstrar intensa tristeza, assim como frente à uma briga podemos reagir com bastante raiva. Porém, o mesmo não é verdadeiro para indivíduos que sofrem de desregulação emocional. Nesses casos ocorre uma inconsistência entre a situação gatilho e a intensidade da emoção. Ou seja, podemos dizer que a emoção não é justificada pelos fatos. Na prática, “algo muito pequeno/insignificante” ou até desconhecido pode gerar uma emoção bastante intensa.
Duração:
Não existe um tempo ideal para nos recuperarmos de uma emoção, ou seja, para retomarmos o equilíbrio emocional após um sofrimento. Mas, normalmente isso ocorre relativamente rápido (dependendo dos fatos que causaram a emoção, claro). Indivíduos emocionalmente mais sensíveis sofrem uma ação prolongada da emoção, levando muito mais tempo para voltarem ao “normal” do que o esperado. Há na verdade uma dificuldade em se reestabelecer e “retomar a vida após um deslize”.
De qualquer forma – e apesar de existir um fator biológico responsável pela desregulação emocional – é perfeitamente possível ensinar indivíduos mais sensíveis emocionalmente a regularem suas emoções. A Terapia Comportamental Dialética se propõem a fazer esse trabalho de forma bastante prática e didática. Falarei mais a respeito dessas intervenções nos próximos textos! Até mais
Gabriele Lederer – Psicóloga
Atendimento em Curitiba – Batel – E online durante o período de isolamento sugerido pelas autoridades de saúde.