Quando falamos sobre o comportamento de comprar em excesso, automaticamente, já lembramos de termos como “compulsão por compras” ou “oneomania”. Mesmo que, esses termos se refiram ao assunto, faço questão de deixar claro que a minha intenção com esse texto não é fornecer dicas sobre como diagnosticar alguém ou a si mesmo. E sim, falar sobre o comportamento em si, de forma mais abrangente, fazendo ele parte ou não de determinada condição/diagnóstico.
Em primeiro lugar, é de extrema importância, fazer uma breve descrição do contexto cultural no qual estamos inseridos, pois, ele influencia diretamente sobre o hábito de comprar. Basicamente, a cultura na qual vivemos, incentiva fortemente o consumo. Por exemplo, chega a ser difícil – ou até impossível – não encontrar alguma oferta de compra, a partir do momento em que nos conectamos com as nossas redes sociais. O mesmo ocorre quando frequentamos qualquer lugar do nosso dia-a-dia. Mesmo quando saímos para a casa de algum amigo, podemos encontrar alguém no sinaleiro vendendo algo. Ou seja, independente de sairmos ou não de casa, as ofertas de compras sempre estão presentes. E assim, quanto mais “tentações” sofremos ao longo do dia, maiores são as chances de não resistirmos.
Em segundo lugar, é importante lembrar que, comprar é prazeroso! Claro que, algumas pessoas são mais sensíveis ao prazer da compra, outras menos – ou quase nada. Muitas vezes, podemos não perceber, mas, no momento em que adquirimos algo ou estamos prestes a fazê-lo, uma série de mudanças ocorrem física e mentalmente – sentimos uma alegria/euforia e até uma excitação física, assim como acontece quando andamos na montanha russa (talvez em proporções bem menores e, por isso, pode passar despercebido). Não há nada de errado com isso! A grande questão, também, é conseguir discriminar quando o ato de comprar se trata de um problema ou não. No geral, o que define isso não é se a pessoa compra muito ou pouco, mas, em quanto e como isso afeta as mais diversas áreas da vida e, consequentemente, o quanto isso a faz sofrer emocionalmente.
Não é raro encontrarmos uma série de outras questões na vida das pessoas que apresentam de fato problemas com compras excessivas. Sendo assim, muitas vezes, comprar, pode ser apenas a “ponta do iceberg”. Como isso acontece? Como já falei, comprar gera prazer. Todos nós precisamos sentir algum prazer na vida, durante a semana e no nosso dia-a-dia. De forma geral, nós precisamos sentir prazer, por menor que seja, todos os dias. Essa é uma necessidade da raça humana. Então, a questão é: o que está acontecendo na vida dessa pessoa, que faz com que ela precise recorrer tanto às compras para sentir prazer?
– Falta de outros prazeres: Quando falo em prazeres, me refiro a comportamentos e hábitos que aprendemos desde pequenos e continuamos capazes de desenvolver até o final da nossa vida. Contrário do que muitos pensam, atividades prazerosas precisam ser construídas. Elas não caem no nosso colo gratuitamente. Por exemplo, se eu quero sair para pedalar com amigos e, dessa forma, sentir prazer com isso, antes de mais nada, preciso me esforçar para aprender a andar de bicicleta. Muitas vezes, pessoas que compram em excesso, possuem dificuldade para descobrir e desenvolver outros prazeres, além do da compra. Quando possuímos um repertório pobre em atividades prazerosas, acabamos utilizando em excesso apenas aquelas que, de alguma maneira, já adquirimos e que já sabemos que produzirão algum nível de prazer.
– Excesso de eventos estressores/sofrimento: Outra questão está relacionada a probabilidade de acesso que a pessoa possui aos prazeres. Por exemplo, uma pessoa que possui um trabalho (ou um ambiente de trabalho) muito estressante e desgastante, ou que passa muitas horas trabalhando, pode estar mais propensa a se engajar em atividades que geram prazer imediato, como por exemplo, comprar, do que outra pessoa cuja atividade laboral é menos desgastante. Essa é uma maneira de recompensa que o próprio cérebro faz, que, muitas vezes nem percebemos: Quanto mais desgaste/sofrimento/estresse, mais necessidade de nos aliviarmos com algo que gere prazer imediato.
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