O Transtorno Bipolar é caracterizado por um padrão de instabilidade de humor, no qual existem períodos de humor extremamente depressivo, no qual o indivíduo apresenta baixa energia e disposição. Esse período normalmente vem seguido por outro, no qual ocorre o oposto, ou seja, humor eufórico e/ou maníaco e altos níveis de energia e disposição.
Importante mencionar que no Transtorno Bipolar Tipo I os sintomas de ambos episódios – depressivo e maníaco – são muito mais intensos e perceptíveis do que no subtipo 2. É comum que no Transtorno Bipolar tipo II, os sintomas e episódios passem despercebidos por bastante tempo, por serem mais sutis, o que pode, inclusive, dificultar o diagnóstico.
As causas do Transtorno Bipolar são múltiplas e vão desde influências genéticas e neurológicas, até interferências ambientais. Nesse texto, o objetivo é procurar descrever as causas e fatores ambientais. Dentro disso, entram os padrões de comportamento – que foram construídos ao longo da história de vida – e o contexto (pessoas, situações, relações, entre outros) no qual o indivíduo vive.
Por trás desses episódios de mudanças de humor, existem padrões de comportamento bastante enraizados, mas que exercem funções na vida do indivíduo, ou seja, eles só ocorrem porque de alguma maneira “funcionam” para algo na vida da pessoa. Importante mencionar que esse processo é inconsciente, ou seja, o indivíduo não provoca intencionalmente esses episódios.
A grande questão é: porque o indivíduo continua tendo períodos da vida nos quais compra demasiadamente (a ponto de se endividar), se relaciona com todo mundo, sai com os amigos sempre, bebe excessivamente, trabalha e consegue ser extremamente produtivo, se comunica de maneira intensa, pode passar noites sem dormir, se exercita diariamente e depois disso tudo acaba e, de repente, não sai mais da cama e se queixa de extremo cansaço? (esse é só um exemplo, não necessariamente são esses os comportamentos apresentados). Vamos a uma principal explicação:
- Repertório comportamental pobre para produzir reforçadores: Isso quer dizer, que, no geral, os indivíduos que sofrem de Transtorno Bipolar, possuem extrema dificuldade para construir uma vida que seja satisfatória. Para que possamos construir uma vida que nos gera sentimentos positivos, precisamos de algumas habilidades principais, que são a constância, a persistência e a tolerância a frustração.
Sabemos que é impossível sentir prazer e satisfação no trabalho sem que tenhamos que ter algum esforço para isso, como por exemplo, tolerar o chefe chato, encarar disciplinas difíceis durante a faculdade, sem desistir, trabalhar muitas horas sem descanso ou até mesmo sem retorno financeiro, etc. O mesmo acontece nas relações e em todos as outras áreas da nossa vida. É impossível ter amizades duradouras sem tolerar opiniões contrárias ou então “deixar de lado” algumas características do outro que não nos agrada. Pessoas com Transtorno Bipolar possuem déficits nessas habilidades e por isso, normalmente não finalizam o que iniciam.
E o que isso tem a ver com os episódios de mania e depressão? De alguma forma, é como se os episódios de mania fossem os únicos momentos na vida do indivíduo no qual ele realmente sente algum prazer, mas, como ele não consegue manter as atividades que ele inicia durante esse período, o prazer acaba e a vida começa a ficar difícil novamente. É importante mencionar também, que toda nova atividade gera um prazer muito mais intenso do que qualquer outra. A empolgação de começar ou recomeçar algo novo é contagiante, e, de alguma forma, é como se o indivíduo “viciasse” nessa sensação e, quando ela acaba, surge a dificuldade de persistir e de tolerar o mal estar de estar fazendo algo que não gera mais todo esse prazer. Dessa forma, ocorre um ciclo vicioso: engajamento em atividades e, com isso, intenso prazer – dificuldades na atividade, falta de habilidades para lidar com isso – desistência – depressão e depois recomeça o ciclo.
Importante mencionar também que, a cada novo ciclo, a intensidade dos comportamentos e das emoções aumenta, por conta do próprio histórico de frustrações pelo fato de ter falhado nas situações anteriores.
Dessa forma, um dos papéis da terapia é ensinar o indivíduo a lidar com a frustração, a tolerar o mal estar, a persistir e a ter constância nas atividades. De qualquer forma, isso não substitui outras intervenções, como é o caso do tratamento psiquiátrico. O ideal, para esses casos, é a combinação da terapia + tratamento medicamentoso.
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