Gerar vidas é uma das condições mais fantásticas e certamente a mais exclusiva de uma mulher. É comum as mulheres experimentarem um misto de ansiedade, felicidade e preocupação quanto aos primeiros dias do bebê em casa. Isso acontece porque, apesar de, finalmente poder segurar seu filho nos braços, chegar em casa com um bebê completamente dependente e indefeso gera mudanças na vida da mulher como um todo, com as quais a adaptação nem sempre é fácil. Isso por si só pode causar alterações emocionais. Além disso, a própria variação hormonal que acontece em decorrência do parto é um dos fatores que deixa a mulher ainda mais sensível emocionalmente.
Com o puerpério sendo considerado o momento de maior vulnerabilidade psíquica no ciclo de vida da mulher, não é à toa que cerca de 15% das mulheres desenvolvem depressão pós-parto e cerca de 85% experimentam mudanças abruptas de humor nas duas primeiras semanas após o parto (conhecido como “Blues pós-parto”), mas que costumam desaparecer espontaneamente. De qualquer forma, é possível adotar algumas ações que, por mais que no momento possam não parecer importantes, fazem bastante diferença na saúde mental nesse momento tão delicado:
Procure e aceite ajuda
Algumas mulheres tendem a acreditar que precisam dar conta do bebê sozinhas, afinal, estão o tempo todo amamentando e, além disso, elas optaram por ter um filho, logo, precisam dar conta de todas as suas demandas. Não caia nessa armadilha! Esse tipo de comportamento gera sobrecarga e, ensina às pessoas a sua volta que “você dá conta de tudo sempre”. E assim, vai ficando cada vez mais difícil pedir ajuda (e fazer as pessoas acreditarem que você precisa delas). Então, mesmo que estiver amamentando, peça ajuda ao parceiro ou chame alguém da família para ajudar com o bebê: trocar fraldas, dar banho, segurar no colo, e outros afazeres, como, lavar roupas, ir ao mercado, cozinhar, limpar a casa, etc. É importante que, as pessoas mais próximas (principalmente o pai) estejam envolvidas de alguma forma com o bebê, e não somente com afazeres indiretos, para que, desde cedo possa ser criado o vínculo entre eles também.
Saia de casa e evite ficar muito tempo sozinha
Durante esse período, a maioria das mulheres troca sua vida agitada de trabalho, exercícios físicos, saída com amigos, idas ao salão e às compras por ficar em casa cuidando de um bebê. Claro que, essa atividade exige bastante da mulher, mas ficar no mesmo ambiente por muito tempo não faz bem e gera efeitos sobre nosso humor. Por isso, saia, nem que seja por 15 ou 30 minutos para ir ao mercado à padaria, ao banco, ou apenas para dar uma volta e “tomar um ar fresco”. Fazendo isso, além de renovar um pouco as energias você estará permitindo que seu bebê desenvolva vínculo com o papai ou outro alguém próximo com quem ele estiver durante esse tempinho. Da mesma forma, a solidão é um prato cheio para pensamentos e sentimentos negativos. Então, procure estar próxima da família ou amigos íntimos o quanto puder.
Concentre-se nas demandas do presente
Para a grande maioria das mulheres, os primeiros dias em casa são muito difíceis, por conta das mudanças, mas também por ser um período de recuperação do parto. Então, encare esse período como sendo passageiro. Procure voltar a sua atenção apenas às tarefas e atividades que você precisa desenvolver no momento, não dando muita margem para pensamentos que fazem você acreditar na permanência dessa situação, do tipo “e agora? Como vou viver cansada desse jeito?” ou “como será minha vida daqui pra frente?”. Viva um dia de cada vez! Aos poucos todos vão se adaptando à nova vida e você também poderá retomar outras atividades.
Por último, lembre-se: aprender a ser mãe é uma construção, que nasce junto com o bebê e também se desenvolve com ele! Então, se permita sentir medo e insegurança. Afinal, você nunca foi mãe e está aprendendo a ser! Feliz dia das mães 🙂
Gabriele Lederer – Psicóloga
Atendimento em Curitiba – Batel – E online durante o período de isolamento sugerido pelas autoridades de saúde.