O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), é uma condição caracterizada por um conjunto de sintomas, como, instabilidade emocional, sentimento crônico de vazio, comportamentos impulsivos – e muitas vezes, autolesivos/suicidas, medo do abandono, sentimentos intensos de raiva, perturbação da autoimagem, entre outros. Ou seja, trata-se de uma condição invasiva e que causa intenso sofrimento na vida da pessoa.
Curiosamente, as pesquisas mostram que, atualmente, das pessoas diagnosticadas, cerca de 70 a 75% são mulheres. Os primeiros sintomas normalmente surgem entre os 18 e 25 anos de idade. Certamente, essa estatística abre espaço para refletirmos a respeito dos motivos pelos quais, mais mulheres sofrem com essa condição, do que homens.
Primeiramente, quando falamos a respeito da origem do TPB, é importante mencionar que as causas são multifatoriais, ou seja, existe uma combinação de fatores biológicos (genéticos), com fatores ambientais (experiências de vida, educação, entre outros) e sociais.
Levando em consideração essas causas, o que exatamente pode acontecer na vida da mulher, no geral, que a torna mais propensa a desenvolver o TPB? Pensando nisso, gostaria de levantar algumas hipóteses:
– Fatores hormonais: Quando falamos no TPB, uma das características é a instabilidade emocional. Quando falamos em humor, existem inúmeros fatores capazes de interferir no nosso humor. De qualquer forma, por razões hormonais, as mulheres possuem a natural e inata tendência de estarem mais predispostas a uma desregulação emocional (ou seja, sentir com mais intensidade e por mais tempo uma emoção) do que os homens. Isso ocorre simplesmente porque as oscilações hormonais, presentes principalmente no período pré menstrual, gravidez, na perimenopausa e na menopausa, afetam todo o sistema de funcionamento do corpo da mulher, inclusive as áreas do cérebro responsáveis pela regulação do humor.
– Maior predisposição a violência: De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, 88,7% das vítimas de violência sexual são mulheres. Além disso, dados do Ministério da Mulher (2022), 63,4% dos casos de violência ocorre contra adolescentes entre 10 e 19 anos de idade. Isso poderia explicar, em muitos casos, o início de alguns sintomas do TPB, quando comparamos esse dado a pesquisa que revelou o surgimento dos primeiros sintomas, entre 18-25 anos. Sofrer uma violência, seja ela física ou emocional, traz inúmeras consequências para a vida da pessoa. Trata-se de um ato invasivo e que afeta toda a estrutura psicológica, inclusive, a autoimagem, a forma como são manejadas as emoções, os relacionamentos afetivos e interpessoais, entre outros. Dessa forma, uma violência sexual ou emocional, pode ser a “porta de entrada” para o desenvolvimento do TPB.
– Maior predisposição a invalidação: Sofrer invalidações (quando não é levado em consideração o sentimento e o pensamento do outro) constantes é um tipo de violência emocional. Não existem dados oficiais de que a mulher é mais suscetível a invalidação do que o homem. Porém, as mulheres naturalmente são mais exigidas pela sociedade, no geral. Existe uma cobrança cultural que a mulher exerça muitos papéis, de mãe, profissional e companheira. Além disso, também é esperado naturalmente que a mulher seja mais prestativa, cuidadosa, generosa e afetuosa, ou seja, que tenha as habilidades necessárias para desenvolver outro ser humano. Isso, por si só, já torna a mulher mais pre disposta a sofrer desaprovações, principalmente quando ela não se identifica com algum desses papéis.
Se você é mulher e se identifica com as características do TBP, tenha em mente que, independentemente dos motivos pelos quais esses sintomas surgiram, existem tratamentos capazes de ajuda-la!
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